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Cai avião no Nepal

Queda de avião no Nepal lembra quão frágil é vida

Algumas notícias mais parecem um lembrete do quanto a vida é frágil; foi o que senti ao ver sobre a da queda de um avião no Nepal no último domingo (15); 72 pessoas morreram, entre elas duas crianças. 

O avião decolou do aeroporto de Katmandu, no Nepal, com destino à cidade turística de Pokhara. A viagem é uma das rotas mais populares do país. O dia estava claro e lindo, propício para o passeio. A bordo, 68 passageiros e quatro tripulantes, 72 duas pessoas vivendo suas vidas sem imaginar o que estava por vir. 

A aeronave ATR 72-500 caiu em uma área montanhosa, próximo a vila Thasang, 20 minutos após decolar. As equipes de resgate chegaram ao local rapidamente, mas não encontraram sobreviventes. 

Um pouco antes da queda, um passageiro estava fazendo uma transmissão ao vivo da viagem. O vídeo mostra o momento em que a aeronave estava chegando ao solo, e todos pareciam calmos, talvez ainda não tivessem percebido que havia problemas no voo. Em seguida, a imagem fica confusa, ouve-se gritos e, depois, ocorre o que parece ser uma explosão. Outra gravação compartilhada em redes sociais, o avião aparece sobrevoando a área residencial e, posteriormente, caindo. 

Dizem que o filme de nossas vidas se passa diante de nossos olhos quando estamos de cara com a morte. Então, fiquei pensando naquelas pessoas e o que se passou pela mente delas nos minutos finais. Será que deu tempo de compreender o que estava acontecendo? Pelos vídeos, foi tudo tão rápido. Será que se sentiam preparadas para aquele momento? Será que viveram tudo que desejaram viver e como planejaram viver? Por qual fase da vida estavam passando? Será que estavam felizes, tinham pendências ou arrependimentos? 

A vida é imprevisível

Fiquei imaginando quantos sonhos e planos foram interrompidos por essa tragédia. Essas 72 pessoas saíram de casa sem ter ideia de que aquela seria a última viagem delas. Será que, se soubessem o que aconteceria naquele dia, teriam feito algo diferente? Será que as pessoas ao redor delas, se soubessem, teriam outro comportamento?  

Ao deparar-me com uma notícia como a da queda desse avião no Nepal, é inevitável não refletir sobre a nossa frágil vida. E sobre como estamos vivendo, pois tudo simplesmente pode mudar em questão de segundos. 

Interessante é que não conhecemos a data nem as circunstâncias que vamos morrer, mas vivemos como se fôssemos imortais, e quem amamos também. Embora todos saibamos que, uma hora outra, a morte vai chegar, seja a nossa ou de alguém próximo, tenho a impressão de que nunca nos sentiremos totalmente preparados para esse momento. 

A despedida é sempre um choque a nos despertar para o fato de que ninguém é eterno. É estranho pensar na morte quando, na realidade, estamos falando de vida, da vida que estamos vivendo a cada minuto e que terminará a qualquer tempo. 

Estamos numa corrida maluca pela sobrevivência sem nos darmos conta de que o nosso tempo está passando, e que tudo pode acabar em um instante. O que estamos fazendo com a dádiva de estar vivo? Estamos fazendo bom uso de nossos dias? Estamos apenas passando pela vida ou estamos tão distraídos com coisas sem importância que nem a vemos passar?

O que irei dizer é clichê, mas é a mais pura verdade: a vida é vivida todos os dias. A cada manhã que abrimos os olhos, é uma oportunidade de viver e não apenas sobreviver. Afinal, hoje, talvez seja a última chance de ser ou fazer alguém feliz. 

A felicidade não pode esperar

Se nunca se sabe quando será o derradeiro dia, a meu ver, não faz sentido viver sem alegria, sem espontaneidade, sem a leveza de se assumir quem realmente se é. Não tem porque viver qualquer outra vida que não seja a nossa. Não dá pra viver de mentira; é sufocante. 

Assim como não há razão de estar onde não se quer estar, ou em ambientes que nos causam mal, ou ainda conviver com pessoas que só trazem prejuízo. Bom mesmo é ser livre e leve em todos os âmbitos, sentindo a plenitude de aproveitar cada momento como se fosse único e inesquecível, apesar de todos os pesares. 

Mesmo porque as dificuldades vão surgir; só não podemos deixar que elas se tornem impedimentos, mas sim alavancas para a superação. Um pouco de desafio faz bem para dar emoção às conquistas. 

Lembrando que quando falo de dificuldades, estou me referindo aos obstáculos comuns a todos nós, e não àquilo que provoca feridas profundas. Eu, particularmente, sou contra qualquer tipo de sofrimento; não vejo vantagens nisso. Pelo contrário, para mim, ele só serve para piorar a situação, causar traumas e dores que, em alguns casos, são praticamente impossíveis de remediar.  

Infelizmente, há sim situações que fogem ao nosso controle e à nossa vontade. Ainda assim,  é nossa responsabilidade não desistir e buscar uma saída com as poucas forças que restarem.  

Por isso, se estiver pesado caminhar sozinho por esse ou aquele trecho, não hesite em pedir ajuda a quem pode ser apoio. E na condição inversa, podendo, não negue socorro a quem necessita. A beleza do ser humano está em cuidarmos uns dos outros. Pois a terra gira, as posições se alternam e ninguém é tão autossuficiente que não precise de ajuda nem tão insuficiente que não possa ajudar. 

Cada minuto importa

Como diz a música de Lenine, ‘a vida é tão rara’. Digo mais, ela é também frágil, sensível, intensa, passageira e intangível. É a experiência mais incrível e complexa que um ser humano pode ter. Portanto, não gaste tempo nem energia com nada que não valha a pena. 

Aquelas 72 pessoas provavelmente tinham planos, sonhos, família, amigos e talvez arrependimentos. Pais e filhos ficaram órfãos, avós sem os netos e vice-versa, talvez alguém ficou viúvo ou viúva nessa tragédia. Quem presenciou o avião cair a poucos metros de casa, possivelmente, jamais vai esquecer o pavor que sentiu ao ver a morte tão de perto.

Sinta, vibre, abrace, beije, ame, valorize, agradeça, comemore, lamente, chore, liberte a si e aos outros, permita-se aproveitar tudo de bom que a vida lhe oferecer. E se junto vierem alguns pedaços amargos, adoce e siga adiante. Viver plenamente exige coragem. É certo que as 24 horas não são as mesmas para todo mundo, para alguns os obstáculos são maiores e dolorosos, às vezes parece até injusto, mesmo assim, é nosso dever persistir em vencê-los, mas isso não significa que temos que enfrentá-los sozinhos, por isso, repito, peça ajuda quando o fardo estiver pesado. 

Além disso, seja bom ou ruim, um dia tudo passa. Nada que conhecemos nessa terra é eterno. As coisas podem mudar quando menos esperamos. Nos resta buscar sabedoria para viver o melhor de cada fase desse ciclo que será encerrado a qualquer momento.

Enfim, a queda desse avião no Nepal, para mim, é um mais um alerta de que morrer é fácil, basta estar vivo; difícil é viver, pois a morte é certa, embora imprevisível, já a vida, a vida é muito frágil. 

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