Natal, Ano Novo, férias, verão – pelo menos no Brasil é verão –, dezembro e janeiro me dão sensações muito boas. Para mim, é um momento nostálgico e envolvente, dando a impressão de descanso, trégua, otimismo e esperança de que tudo vai melhorar. Ah, a magia do fim de ano. Outra coisa que gosto nesse período, são os filmes de Natal. Embora saibamos que a realidade é bem diferente da retratada, eles fazem parecer, nem que seja por algumas horas, que a vida é encantadora e feliz apesar dos pesares.
Sei que para cada pessoa as memórias e significados em relação a essa data variam. Eu mesma já passei por muitas fases referentes ao Natal e Ano Novo. Minha família nunca comemorou ou teve qualquer tradição. Na infância, não tivemos árvores com presentes e luzes coloridas enfeitando a casa ou um jantar especial. A única coisa que me lembro dessa época é que minha mãe comprava roupas pra gente.
Cresci sem celebrar o natal; confesso que nunca me fez falta, mas isso nunca me impediu de ficar encantada com tudo que envolve as tradições natalinas. Quando saí de casa e fui morar em outro estado, passei a ser convidada pelos novos amigos para as ceias de Natal. Acho que ficavam com pena de mim por estar longe da minha família. Na verdade, não me importava em passar sozinha, mas é tão bom estar entre amigos que jamais recusei cear com eles.
O Ano Novo é sempre especial
Apesar de todo o meu maravilhamento com o clima natalino, ele não tinha tanto significado para mim quanto o Ano Novo. A virada de ano sim, mexia e ainda mexe comigo. Tanto que, nas escalas de plantão, eu preferia trabalhar no Natal e folgar no Réveillon. Houve também uma fase workaholic em que trabalhei nos dois plantões, mesmo assim, fazia e ainda faço questão de festejar o ano que passou e o ano que vem chegando, nem que seja sozinha.
Desde que formei minha própria família, marido e filho, nunca mais passei nenhuma dessas datas desacompanhada. Porém, o que mudou é que não preciso mais estar em uma festa rodeada de gente ou em um lugar muito especial para estar feliz quando um novo ano entra. Pra mim, agora, basta estarmos juntos, bem e saudáveis. Assim estaremos esta noite e na semana seguinte.
Aprendizados do ano
O ano de 2023 tem sido muito especial, e acredito que assim será até o último minuto dele. Foi tudo diferente do que planejei. No início, parecia caminhar justamente na direção de calmaria que tanto desejei. Depois de períodos tão turbulentos, como foram os últimos três anos, imaginei que 2023 seria um ano de trégua. Não foi dessa forma. Pelo contrário, foi tão desafiante quanto os anteriores.
Fazendo uma rápida análise, percebo que 2023 me cobrou maturidade e evolução emocional. Embora exigente, foi um um ano que me trouxe mais consciência emocional, importantes reflexões sobre o tempo e aceitação. Mesmo diante da bagunça, consegui enxergar as coisas com mais clareza.
Houve, sim, momentos de desespero nos quais fiquei completamente perdida, mas logo encontrava um ponto de descanso. Aliás, o descanso foi fundamental. Livrei-me da culpa de parar e chorar minhas dores. Parei de acreditar que isso me deixava fraca. Compreendi que descansar, digerir e entender cada situação, respeitar meu processo de amadurecimento dos meus sentimentos, na verdade, me deixa mais forte, mais firme e certa das minhas decisões.
Olhar para dentro faz toda diferença.
Consegui dar atenção pra mim, para todas as mudanças que ocorreram na minha vida, no meu corpo e no mundo ao meu redor. Olhar para minhas dores, acolher, entender e nomear meus sentimentos e emoções deu-me consciência plena de quem sou agora e do que quero daqui pra frente. A partir de então, vejo para onde quero e posso seguir.
Depois de tanto evitar o encontro comigo mesma e fugir das conversas internas, finalmente, me dei a chance de conhecer a mulher que me tornei, a mulher que sou agora. Me despedi das ‘Adrianas’ passadas, agradecendo imensamente e reconhecendo o valor de cada uma delas para formar quem sou neste momento, pois eu também sou a união de todas elas. Quer saber? Estou orgulhosa do caminho que construí até aqui.
Quanto a 2024, espero continuar esse processo de evolução e autoconhecimento. Só desejo que ele seja mais gentil que seu antecessor. Estou ciente de que ainda vou me perder algumas vezes e enfrentar vários desafios, mas acredito que já tenho condições de encarar a vida com mais leveza. Pela frente, há muitas versões de mim a serem construídas, estou animada para conhecer todas elas.
Quero continuar usando esse espaço para registrar e compartilhar a minha jornada íntima e pessoal, experimentando sempre que possível a magia de fim de ano. Por ora, deixo uma mensagem de final de ano que gravei junto com meu colega Marcelo Henrique Galdioli para a campanha de natal 2022 da rádio UEM FM. A reflexão e os votos de boas festas continuam os mesmos.
Feliz Natal!
Viva a magia do fim de ano!
